22 novembro, 2015

Li: "Prefiro-te a ti. Podia preferi-lo a ele. Mas prefiro-te com tudo o que não me dás. Prefiro pertencer-te quando te escondes nessa tua ausência honesta, do que pertencer-lhe em cada lamuria. Prefiro-te porque me abraças com tudo o que poderias sentir. Prefiro-te porque não somos sempre o mesmo. Prefiro-te porque a nossa história se altera em cada viragem, mas o que sentimos permanece intacto. Pertencer-te em cada mistério é pertencer-te por inteiro. Prefiro-te porque não te entendo. Nem quero. Entender alguém é perder a vontade de amar, já que amar alguém é ter vontade de entender. Prefiro-te pelo que somos calados. Prefiro-te porque não preciso de nenhuma palavra para que te expliques. Prefiro-te porque sabes que, sendo livre, sou tua. Porque me esperas sempre, a cada pôr do sol. Prefiro-te porque uns dias te mostras mais do que outros. Prefiro-te porque nos entregamos a cada canção, enquanto os nossos corações dançam em silêncio. Prefiro-te pela poesia que somos a cada verso que fica por dizer. Prefiro-te a cada refrão do que passámos. Prefiro-te porque sei onde te encontrar. Prefiro-te, minha noite. Porque haveria eu de preferir outro alguém, se na tua escuridão encontrei o meu brilho? Anoiteces-me. À noite, és-me…"
de Gonçalo S. Neves

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