"Quando nos separamos de alguém por outra causa que não a
morte, teremos um luto a ser enfrentado pela frente. Toda e qualquer forma de
separação traz dor e saudades, e também tem o seu tempo de cura e cicatrização. Já sobrevivi ao luto de amigos, de amores. Trata-se de um
período muito duro, escuro e solitário, porque tudo o que sentimos nesses
momentos é só nosso, ninguém mais consegue ver. Aí haver muita incompreensão
por parte de algumas pessoas. Como toda a tempestade emocional, o luto leva-nos a pensar e
a repensar na nossa vida, na forma como vivemos. A gente compara, tenta entender,
lembra, chora, revolta-se, chora, tenta voltar ao normal, mas chora novamente.
Olho à minha volta e percebo que cada um tem o seu próprio luto, que transborda
com mais ou menos intensidade. Aprendo, assim, que não se deve julgar ou
comparar a dor de ninguém. Dor é para ser entendia e consolada, jamais
menosprezada. Sempre me disseram que, para tudo, há um jeito, menos para a
morte. E é verdade, pois enquanto houver vida, existirão outros caminhos. Já
quando a vida se for, o único caminho será a dor, saudade e o reerguimento
interior. Tudo passa, dolorosamente, aos poucos, mas passa. Por outro lado, muitas
vezes, temos que atravessar o luto por alguém que se foi das nossas vidas, mas
continua por aí, lindo, leve e solto. Quando nos separamos de alguém por outra causa que não a
morte, teremos um luto a ser enfrentado pela frente. Olhamos ao nosso redor e a
pessoa não está mais ocupando o nosso espaço, mas estará ainda habitando o
nosso mundo e longe de nós, E sofremos do mesmo jeito, ainda mais imaginando
onde está, com quem está, fazendo o quê, se está mais feliz, se sente a nossa
falta, enfim, a separação sem a morte também traz dor e saudades. A vida, como se vê, irá obriga-nos a aprender que por vezes
temos que continuar a seguir em frente, mesmo sem o que queríamos, de uma forma
totalmente diferente daquela com que tanto sonhámos, tendo que aprender a viver
com ausências doídas, enquanto a alma se dilacera. Ninguém substitui ninguém, mas sempre podemos ir ao encontro
de novos amores, novas amizades, para que o nosso amor não sufoque dentro do
peito e possa encontrar outra morada onde consiga ser feliz de verdade. É desse
jeito que o amor não morre."
1 comentário:
Gostei muito deste texto, dá que pensar...
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