"Carta para os teus sonhos"

Há quem vos cromatize por entre todas as cores do arco-íris, pelo facto de terem a capacidade de serem tão inconstantes, ziguezagueantes e... Comecei a acreditar que havia qualquer coisa de real e verdadeiro em "vós" quando eu sonhava em ter este ou aquele brinquedo e o mesmo, plim, aparecia. Sonhava com isto ou aquilo e, plim, acontecia. Sentia magia e transbordava sorrisos em toda aquela inocência. Mas, nem sempre tudo teve uma varinha de condão. Comecei a crescer, a vida começou a ensinar-me que, por vezes, era necessário dar um passo maior que a perna, e comecei a não entender muitas coisas. Não entendia, se tinham a capacidade de serem enormes dentro de mim, porque teria que fazer algo? Quando comecei a sentir turbilhões dentro e fora de mim, percebi. E toda a magia que eu pensara que vocês – sonhos – me davam, foi fumegando. Comecei a entender que seria possível continuar a sonhar mas que, acima de tudo isso, teria que fazer algo - ao que os adultos chamavam de lutar - para que tudo passasse de quereres a algo concreto. Algo real, que eu pudesse ver e/ou tocar. E foi aí que descobri o quão improbo é sonhar(-vos). Hoje, ainda continuo a acreditar que todas as minhas ambições, todos de vós que habitam em mim, poderão passar de pequenos a largos passos, trazendo-me felicidade e realização. Hoje, sei que vocês são algo que tanto podem durar uma vida como podem desfalecer num ápice. Hoje, sei que muitos são frágeis e que, não importa os anos que vos carregue dentro de mim - da minha vontade -, poucas palavras podem matar-vos. E a culpa não é por serem cor-de-rosa, cinzentos, castanhos ou pretos, mas, por a vida ter um enorme peso  sobre vós.

Ps. Hoje sonhei.