Eu vou ali, e, por pura ironia, tomo um café, no mesmo sítio
de sempre. Talvez calhe sempre à mesma hora, talvez chego atrasada cinco
minutos e tantos mais segundos. Pego o jornal e é a última página que abro
primeiro. Só para me notificar na secção dos "precisa-se". Vejo que a minha
chegada foi notada por mais um desconhecido que a minha memória não retém.
Enquanto não puxo a cadeira, e me sento, tem sempre alguém a observar. Por
vezes, incomoda. Outras vezes, senti-me como se fosse, por momentos, o centro
das atenções. E eu não gosto nada disso. Na mesa, o cinzeiro permanece limpo.
Não puxo um cigarro porque o gosto incomoda-me a boca, mas, tem dias que só a
inspiração do cheiro me "alivia" a alma. É como se estivesse a mergulhar num
mar de chamas. Um mar cheio de ironia. Mais uma vez, finjo que todo o jornal me interessa. As
notícias. Essas parecem a ser como a memória: grandes. Enormes. O tempo passa,
e mais pessoas chegam. Grupos de rapazes para tomarem um café seguido de tantos
cigarros; mulheres acompanhadas por senhoras idosas para tomarem o
pequeno-almoço; homens de negócios, que permanecem ao balcão, para que a sua
presença seja notada. Enquanto isso, a minha imaginação leva-me a pensar
inúmeras coisas com as quais a "vossa" realidade tira-me do sério. O empregado é um conhecido "antigo". Não tenho muito que o
olhar porque, na verdade, só o olhar de garoto me fez soltar um vómito sem
nexo. Ele teima em passar pela mesa e sorrir, vezes sem conta. E como tantas
outras vezes, solto aquele sorriso irónico e falso. Talvez seja o que de melhor
sei fazer. Tudo ironicamente, com sentido de verdade. Já me sinto com a caneta entre os dedos, e a minha
inspiração é sobre o amor. Este que tanto me faz aquelas borboletas dançarem no
estômago e rebolarem ao imaginar que, a qualquer momento, ele poderia entrar
com aquele sorriso de orelha a orelha. Foco-me nas nossas lembranças, no nosso
presente que vira passado a cada segundo que passa, e naquele futuro que
idealizamos com cores, sorrisos, e mil e uma coisas. Eu sou uma tonta. Daquelas
tontas apaixonadas, daquelas que são felizes pelas coisas mais simples, mais
verdadeiras… E eu sou assim, completamente apaixonada por ti, e tu por mim.
(inventado)
(inventado)
4 comentários:
toda aquele quotidiano rotineiro num café é maravilhosos, tanto mais se no final o amor estiver presente <3 obrigada pelas tuas palavras tat!! volta à minha casinha sempre que precisares :')
Tão lindo !
r: obrigada princesa +.+
Porque é que dás um sorriso falso e irónico ao empregado? Coitado xb
Mas agora a sério, escreves muito bem (;
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